quarta-feira, 22 de abril de 2009

Crianças especiais têm dificuldade para ser adotadas

Felipe* tem pouco mais de uma semana de vida e foi entregue por sua mãe à adoção assim que nasceu. Uma família, que já havia solicitado junto à 1ª Vara da Infância e da Juventude, está na fila para adotá-lo.
Diferente do recém-nascido, outras crianças – algumas já estão na fase da adolescência – que vivem em orfanatos como o Lar da Criança Maria João de Deus, mantido pelo Governo do Estado, não conseguem uma nova família. Além de já não serem mais bebês, a maioria desses órfãos possui algum tipo de deficiência
“Depois que cheguei aqui [há cinco anos] já houve casos de adoção de crianças especiais, mas a procura é bem menor. Tem a questão das dificuldades, do cuidado. Requer um cuidado muito maior, uma estabilidade econômica. Tem que ter essa disponibilidade, esse amor incondicional, que qualquer criança exige, mas uma especial, eu acho que necessita ainda mais”, disse a coordenadora do Lar da Criança, Socorro Solano.
No Lar, que abriga meninos e meninas de 0 a 12 anos e tem capacidade para até 60 crianças, existem atualmente 45. Destas, 10 podem ser adotadas – 8 possuem algum tipo de deficiência e 2, recém-nascidas, estão em processo de adoção. Aquelas que têm deficiência e não são adotadas, continuam no lar, mesmo depois dos 12 anos.
Outras 35 estão no abrigo por ter sofrido algum tipo de violência e, enquanto não termina o processo na Justiça que vai determinar se voltarão ou não à família biológica, permanecem na casa mantida pelo estProcura é maior que a disponibilidade – Na avaliação da defensora pública e coordenadora da 1ª Vara da Infância e da Juventude, Daniela Bona, a procura por crianças para adoção em Teresina ainda é menor que a disponibilidade. No entanto, aquelas que estão em idade mais avançada também têm dificuldade de obter um novo lar. “Normalmente as crianças que estão disponíveis já estão numa faixa etária elevada e não há tanto interesse. As pessoas que procuram o juizado preferem crianças recém nascidas, ou até no máximo um ano, um ano e meio. Quanto mais vai demorando a disponibilidade da criança, o casal vai deixando de ter o interesse, em virtude da idade já avançada”, explicou.
Procedimentos para adotar uma criança – A coordenadora da 1ª Vara da Infância e da Juventude, Daniela Bona, explica que há duas situações diferentes para se adotar uma criança. “Se já existe essa criança, seja no lar, ou uma criança que foi deixada na porta da casa, a primeira providência é ir a uma delegacia registrar um boletim de ocorrência. Depois vem até o juizado para pegar toda a documentação necessária para formalizar o processo de adoção”, esclareceu a defensora pública.
Aqueles que ainda não estão com a criança, devem providenciar a inscrição na lista de espera do juizado. “Vem aqui no juizado para dar entrada no processo de inscrição, fala das características que deseja, se do sexo feminino ou masculino, a faixa etária, e fica aguardando o surgimento dessa criança. Porque tanto tem o cadastro das pessoas que querem adotar, quanto das crianças que estão aptas a serem adotadas”, acrescentou Daniela Bona, informando que em 2007, 37 pessoas ou casais se inscreveram na lista, número que se repetiu no ano seguinte.
Processo demorado – No ano de 2008, a 1ª Vara da Infância e da Juventude julgou 51 processos de adoção. A coordenadora explicou que o tempo médio para o término dos processos de adoção varia entre 6 e 8 meses.
“Tem todo um procedimento a ser seguido. Sempre tem a entrevista com o casal ou a pessoa que está requerendo a adoção. Tem a visita na residência para verificar o ambiente. Se o casal tem filhos biológicos, dependendo da idade do filho, a equipe também escuta o menor. Se a pessoa que vai requerer for solteira, normalmente, procura-se uma familiar para se, porventura, essa pessoa faleça ou seja acometida de alguma doença, esse familiar se responsabilize por aquela criança”, destacou Daniela Bona.
(*Felipe é um nome fictício, a fim de preservar a identidade da criança)

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